Patrícia Marx grava novo CD e diz que tem dificuldade de se desvincular da imagem de criança

Quem era criança nos final dos 80 e no início dos 90, certamente se lembra de Patrícia Marx. A cantora fez sucesso como uma das integrantes do grupo musical "Trem da Alegria", ao lado de Luciano Nassyn e Juninho Bill. Cantando clássicos das festas infantis da época, como "Uni, Duni, Tê", "He-Man" e "Fera Neném", o trio vendeu, em um só álbum, mais de um milhão de cópias.

Ao deixar o grupo, em 1987, a cantora paulista fez sucesso na carreira solo com músicas como "Certo ou Errado" e "Festa do Amor". Aos 37 anos, casada há 13 anos com o produtor musical Bruno E. e mãe de um menino de 12 anos, Patrícia, que passou uma temporada trabalhando em Londres, está gravando seu 14º disco, ainda sem nome, a ser lançado com foco no mercado britânico. "Tenho uma carreira internacional. É um mercado difícil. Se você não tem postura firme e uma música ousada, não consegue entrar", afirma a cantora, que gravou um álbum no país em 2004.

Em entrevista a QUEM, ela conta que pensou em desistir da carreira, explica como a conversão ao budismo mudou sua vida e afirma que, às vezes, se sente cansada de ter sua imagem atrelada aos tempos de criança. "Eu tenho a impressão de que as pessoas não aceitam que eu sou uma adulta", comenta. Leia abaixo os melhores trechos da conversa:

QUEM: Ter uma carreira solo há mais de 20 anos, mas ainda ser lembrada como "a menina do 'Trem da Alegria' incomoda?
Patrícia Marx: Não me incomoda em nada, eu era a menina do Trem mesmo! Mas sim, eu fico meio cansada, parece que eu só fui do Trem da Alegria e eu tenho toda uma carreira. Dizem que brasileiro tem memória curta, mas não nesse caso.

QUEM: Ainda pedem para você cantar músicas daquela época nos seus shows?
P.M.: Sim! Do Trem e do início da carreira solo, ou até dos trabalhos que fiz depois, mas que são mais antigos. Às vezes estou cantando e alguém grita: "Canta 'Quando chove' ou 'Espelhos D'Água', ou 'Festa do Amor'", eu acabo cantando, sem problemas.

QUEM: Acha que ter feito sucesso muito cedo ajudou ou atrapalhou a sua carreira?
P.M.: Fazer sucesso cedo ajuda e atrapalha. Se por um lado tenho muito mais experiência, por outro lado atrapalha bastante, já que a minha imagem infantil é muito marcante. Eu tenho a impressão de que as pessoas não aceitam que eu sou uma adulta. Criaram um vínculo com aquela criança que eu era. Eu tenho que trabalhar muito isso, fazer essa ponte da criança para a adulta, e isso me cansa. Mas eu respeito, as pessoas querem lembrar daquela fase, faz parte da minha vida.

QUEM: Pensou em desistir da carreira?
P.M.: Sim, já pensei em desistir de cantar, mas não por isso. Foram uma série de fatores: eu fiquei decepcionada com o meio artístico, comecei muito cedo, então achava que não tinha vivido a vida.

QUEM: O que a fez continuar?
P.M.: Eu sempre acabo me deparando com a música, é como o ar que eu respiro. E depois que eu descobri o budismo minha vida mudou. Eu fui criada em uma família católica, mas a palavra budismo sempre me interessou. Logo que meu filho nasceu, passei a freqüentar um centro da tradição kadampa, e descobri que eu sempre fui budista e não sabia! Passei por uma transformação: fiquei sabendo porque as coisas aconteceram da maneira que aconteceram na minha vida, me tornei uma pessoa bem mais compassiva, mais tranqüila, tenho muito mais paciência. Não faço música para alimentar o meu ego. Sou bem mais desapegada, não faço música para fazer sucesso.

QUEM: Em algum momento sentiu falta da fama e do assédio dos primeiros anos de carreira?
P.M.: Não, isso não. Eu queria era ficar quieta. Eu precisava me retirar. Sou canceriana, sentia falta de ficar em paz, na minha. Tenho a coisa do social, eu gosto do contato, mas é bom ficar quietinha também.

informações da revista Quem.